Triatleta transforma hobby culinário em negócio durante a quarentena

Thomas Galindez concilia produção de empanadas e treinos para Mundial

Esporte e cozinha são duas das paixões de Thomas Galindez. Normalmente, o dia a dia é voltado à primeira delas. Argentino de nascimento, mas radicado em Santos (SP), compete há cerca de oito anos no triatlo. É o atual campeão sul-americano de Ironman, prova de resistência que inclui 3,8 quilômetros de natação, 180 quilômetros de ciclismo e pouco mais de 42 quilômetros de corrida. Em outubro, disputaria o Mundial, no Havaí (Estados Unidos), mas devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19) o evento foi remarcado para fevereiro do ano que vem.

Em meio à quarentena, a outra paixão de Thomas ganhou mais espaço. “Como gostamos de cozinhar, veio a ideia de fazermos empanadas argentinas. Moramos no Brasil eu e minha irmã. Ela abre a massa, eu faço os recheios”, detalha o atleta de 23 anos à Agência Brasil.

O que surgiu como hobby deu mais certo que o esperado. “O retorno foi tão bom que a gente decidiu virar um negócio. Além de ajudar a captar uma parte do dinheiro para as provas, é algo de família, né? Com a pandemia, os patrocínios têm caído um pouco e a gente faz de tudo para se virar e correr atrás dos nossos sonhos”, conta Thomas, que além de cozinhar, também faz as entregas do Cocina Galindez de bicicleta, é claro, para não perder o hábito.

Além do trabalho na cozinha, Thomas concilia o tempo de isolamento social com os estudos – ele está no último ano de Educação Física na Universidade Metropolitana de Santos (Unimes). A intensidade dos treinamentos pode até ter sido reduzida, mas as atividades físicas continuaram. “No início [da pandemia], não conseguia sair de casa. Eram várias coisas restritas. Não conseguia nadar, por exemplo. Mas, não fiquei parado. Fiz muito treino funcional, de fortalecimento. Tenho um simulador em casa, você coloca a bicicleta e pedala no lugar. Isso me ajudou a manter um nível de treino constante”, explica.

Com o adiamento do Mundial, a preparação específica ainda não começou, até pela liberação para retomada das atividades em Santos (SP) – segunda cidade com mais casos de covid-19 no estado de São Paulo – ocorrer de forma gradual. A cabeça do argentino, porém, está na competição do Havaí. Na edição do ano passado, Thomas ficou em sexto na categoria 18 a 24 anos, sendo o melhor entre os atletas sul-americanos.

Desta vez, Thomas quer ir além. “Quero ser campeão mundial da minha categoria”, afirma, já projetando as próximas edições. “Tenho o sonho de competir [no Mundial] na categoria profissional. São 50 competidores, então é algo muito difícil. Mas, quero alcançar e vou correr atrás”, conclui.

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Inspiração caseira
Ao invés de correr, nadar e pedalar, Thomas poderia estar trocando golpes de taekwondo, modalidade em que chegou a ser faixa preta. Ou fazendo voleios e dando smashs em uma quadra de tênis. Mas, o triatlo pareceu ser o fluxo natural para ele. O pai de Thomas é Oscar Galindez, um dos maiores nomes da modalidade na América do Sul, com duas medalhas de bronze em Jogos Pan-Americanos e participação na Olimpíada de Sydney (Austrália), em 2000.

“Eu o acompanhava nas provas desde pequeno. Vi ele ganhar, sofrer, mas nunca imaginei que pararia no mesmo esporte. Ele nunca me obrigou. Quando tinha 15, 16 anos, cheguei para ele e disse: ‘pai, você me treina para o triatlo?’ Ele respondeu: ‘Claro!’. Foi o pontapé inicial”, recorda o jovem.

Com o tempo, a parceria pai-filho ganhou a extensão técnico-atleta. “A gente tenta diferenciar, né? Não é fácil, mas fomos nos adaptando. Como estudo Educação Física e quero atuar como técnico mais adiante, ele me fala o que tenho que fazer, eu monto [o treino] e mostro para ele, como se fosse uma lição de casa (risos). Então, ele aprova ou não, corrige… É algo em que os dois se ajudam”, relata Thomas.

Os Galindez chegaram, inclusive, a competir juntos. No ano passado, eles dividiram o percurso do Mundial do Havaí – Thomas na categoria 18 a 24 anos, Oscar entre atletas de 45 a 49 anos. E o filho não esconde a admiração pelo pai. “Ele ainda está em um nível incrível, aos 49 anos, andando forte. Para se ter ideia desse nível, a gente ainda chega junto. É uma pessoa que fez a vida inteira dele no esporte, fez uma carreira incrível, criou a família… O coração dele, a paixão dele pelo esporte é inexplicável”, encerra.

EBC

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